O prefeito Jorge Pozzobom, em 26 de abril, postou em sua página no Facebook sua indignação com uma foto do lixo esparramado em torno de um contêiner. Disse o prefeito: "Domingo passado, fizeram exatamente isso na frente da nossa Catedral. Hoje, eu e minha família fomos na Primeira Comunhão da Lauren e olhem só o que fizeram na frente da Igreja do Bom Fim. Me desculpem, mas quero compartilhar minha indignação".
Uma indignação não pode ser entendida, senão a partir de um motivo. É o motivo da indignação que determinará o que se fará com ela. Se não for assim, não deve sequer ser expressada. Indignou-se por moradores da redondeza jogarem lixo fora do container? Porque vândalos teriam virado a lixeira? Esta ou aquela hipótese reclamam providências do poder público, à primeira, aplicar o Código de Posturas; à segunda, acionar a polícia.
Há uma terceira hipótese, a de que foram miseráveis que chafurdaram no lixo na busca de material reciclável para trocarem por pão ou mesmo na busca de restos de comida. Parece-me a hipótese mais condizente com o que se testemunha no dia-a-dia por toda a cidade. É indignante testemunhar a indigência humana que leva seres humanos agirem como ratos para sobreviver, enquanto cresce cada vez mais o descaso do poder público para com a elevação moral, educacional e de cidadania daqueles que nascem, crescem e se multiplicam na miséria por absoluta falta de oportunidade de poder levantar-se.
Mas, fique claro, que esta indignação não deve ser contra o miserável que foi remexer no lixo. A indignação é pelos motivos que levam seres humanos agir como ratos para sobreviver, enquanto cresce cada vez mais o desinteresse do poder público para com a elevação moral, educacional e de cidadania daqueles que nascem, crescem e se multiplicam na miséria por absoluta falta de oportunidade de poder levantar-se.
O que exatamente indignou ao senhor prefeito? De minha parte, é com o estado de coisas que leva um ser humano a quase se equiparar a um rato. Apreciaria que esta fosse, também, a fonte de indignação do senhor prefeito.
O senhor prefeito faria uma grande bem se transformasse sua indignação em ação, como, por exemplo, a coleta seletiva de lixo, que pode ser regulamentada para permitir aos catadores obter seu ganha pão de forma mais digna, sem necessidade de chafurdar no lixo lançado nos conteineres, onde o reciclável está misturado ao orgânico.
A implantação da coleta seletiva de lixo é imperativo atual, se não por empatia pelo ser humano, que seja pela sanidade do planeta, possibilitando o reaproveitamento de materiais recicláveis, que se continuarem a ser lançados na natureza comprometerão cada vez mais as condições já insalubres de vida na Terra.
Bendita indignação, senhor prefeito, se ela vier acompanhada de providências. Caso contrário, será gratuita. Santa Maria já comporta coleta seletiva de lixo. Claro que para ser implantada será preciso a adesão do andar de cima da sociedade, que deverá ter o cuidado de fazer a devida separação. Se a sociedade esclarecida não for capaz disto, não poderá se indignar com aqueles que nasceram e foram criados mexendo no lixo